24.3.09

Geração Coca-Cola

A tampa da Coca-Cola é enrosqueada na fábrica de forma duplamente hermética. E assim permanece até sofrer alguma influência externa. Tradicionalmente, o mesmo ocorre com os humanos, seres fechados e estranhos até que alguém lhes escape o gás.

Porque o ser humano põe na roda as perguntas e previsões, as novidades e indecisões, as tragédias e o gás da Coca. E tudo isso com a tampa intacta. Porque é de seu feitio esperar que o gás escape por conta própria ao invés de pôr na roda aquilo que é capaz de lhe tirar o ar com todas aquelas suas bolhas.

Pedro tentava entender algo sem jamais ter entendido porque nunca parava de entender de tudo. E tentava fazer com que sua voz fizesse entender algo que até então não passava de um pouco do que se entendia por Pedro. Já que aquilo que tira Pedro do sério é o que lhe põe pra fora por dentro de si mesmo.

Pedro não entendia muitas vidas e então nem lhes dava valor pelo simples fato de lhe parecer que elas não lhe entendiam. O que lhe fazia sentir-se numa festa para a qual não tinha entrada, já que não havia ainda entendido que estava na sua vez de fazer os convites e que para isso fosse necessário distorcer algo - nem que fosse sua tampa de Coca-Cola.

E qual não foi sua surpresa quando acordou numa manhã anímica de domingo e durante o anêmico café-da-manhã entendeu que precisava de novos rumos para seus convites. Bastou olhar para dentro para enxergar que sua tampa de Coca-Cola era a de uma Fanta e passara tanto tempo soltando o gás do refrigerante errado.

4 comentários:

Thaís Cunha disse...

essa coca é fanta

gabi. disse...

a coca era fanta? :p

Clara Campoli disse...

Que nada.

Gabriel Cunha disse...

Sempre gostei mais de Guaraná.

Antárctica, por favor.