Não se deixe levar por quem diz que Minas Gerais "vai parar" nos próximos dias, como se o estado mergulhasse numa inércia disposta a acabar só depois de extinta a última faísca da decisão da Copa do Brasil (doravante denominada Copa das Minas Gerais).
Em primeiro lugar, o desajuizado que condena as alterosas à letargia enquanto durar o duelo entre Atlético e Cruzeiro demonstra desconhecimento das Minas Gerais, esse território imaginário que começa no interior de Mato Grosso do Sul para acabar numa praia qualquer entre a Bahia e o Espírito Santo. Em segundo, sabe-se lá se essa faísca um dia há de sumir.
Acusar uma paralisação mineira em pleno ambiente de decisão da Copa das Minas Gerais significa ignorar o comércio de bigodes e perucas, setor que espera um crescimento exponencial até o fim de novembro. Desprezar a venda de camisetas azuis, brancas, pretas, brancas, azuis e brancas, pretas e brancas. Desmerecer a luta por um ingresso que leve às pelejas do Horto e da Pampulha. Desacreditar todo o debate que, porventura, se encerrar num bar em Januária ou em Sete Lagoas.
Minas, locomotiva do futebol brasileiro, capaz de revelar seus Tostões e Reinaldos e redescobrir-se com Willians e Luans, nunca vai parar. Em cada um de seus 853 municípios, há quem acredite, há quem combata; e esses tipos foram exportados até mesmo para terras em que seja impossível encontrar polvilho. E Minas não parou nem quando seus filhos ficaram tão distantes de um ingrediente tão essencial quanto enjeitado do pão-de-queijo.
Novembro de 2014 ficará para a história como o mês em que o polvilho — seja o doce, seja o azedo — ultrapassou as fronteiras das alterosas, fez seu o Brasil e enfim desembarcou em Nova Jérsei. Como se Minas Gerais precisasse de uma prova de força maior do que a de 2013, quando só não tomou conta do mundo por um tropeço do destino e outro de Ronaldinho, filho varão devidamente mandado para descansar no interior do México.
Minas ferve desde ontem, quando descobriu-se sede da Copa das Minas Gerais. Só vai cogitar descansar em dezembro. E nem o pequeno lado verde, se é que restou algum, conseguirá ignorar o que está acontecendo naquele que já foi seu alpendre.
Artigo publicado no Estado de Minas
Um comentário:
Belo texto! Vamo que vamo! Torcer pra que a festa seja azul!!!!
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