5.5.09

Título bom é pros fracos

Puto. Ele tava puto. Muito puto. Nem era muito, mas naquela hora bem que tava. Puto. Mas puto pra caralho. Aquela maldita gostava mesmo era de atrapalhar sua vida. Não lhe conhecia nenhum pouco. Ele suspeitava disso, mas era tarde demais. Tinha escolhido aquilo e agora o orgulho o segurava no bonde. E como isso o deixava puto. Não tinha opção. E mesmo que tivesse agora no desespero, na hora certa não teria opção.

A opção tinha fugido e agora estava longe. Bem que estava perto, mas estava bem além. Sempre estava perto, mas nunca tinha estado tão longe. E isso o deixava puto. Um leão intratável não estaria tão puto. Puto com tudo. Tudo puto com ele e isso o deixava puto. Mas confuso. E puto. Mais confuso.

É fácil fazer escolhas e ainda mais fácil é conviver com elas. Incômodo mesmo é conviver com as escolhas que foram deixadas de lado. Se não haviam sido escolhidas, por que é que ainda estavam lá? Tinham sido negadas meio a contragosto. E por contragosto mesmo é que a negação se fazia tão forte. Se não dava pra negar, não dava pra perder. Simplesmente não queria negar. Tampouco aceitava perder. E isso o deixava puto. Mas não com tudo. Consigo e só. E muito só. Contudo, não só com isso. Mas só. Na hora de respirar fundo, não havia outra opção para continuar sendo humano. Respirar fundo e só. Ainda só. Sempre só.

O inconformismo era o cimento da melancolia. O que importava era que os outros intuíssem que ele estava puto, ainda que não estivesse para si, ainda que não ainda para todos, ainda que ainda não houvesse nada para que ela fizesse. Talvez tudo ficasse bem. Provavelmente não. Mas os dois já se acostumaram a manter sua terra girando mesmo enquanto esperavam-na parar. E não era dessa vez que algo mudaria.