17.1.13

Conto do pardal

De segunda a sexta-feira, sempre ao cair da noite, aquela negra passava apressada, displicente; imprudente, até. 

Tudo o que ele podia fazer era jogar uma piscadela — e dessa forma agia diariamente, incansável. Imóvel ao lado da pista, não perdia qualquer chance de flagrá-la.

E assim cada piscada fazia reluzir a rua, convertia esse momento diário em fotografias inesquecíveis. Por algumas semanas enviou cada um desses retratos a ela, sua razão de existir, e não obteve resposta.

Até que certo dia a caminhonete foi apreendida por excesso de multas em uma blitz do Detran. O radar fixo jamais a viu novamente.

Um comentário:

Vanessa disse...

Que ótimo te ver escrevendo com frequência de novo, eu podia passar dias lendo. Não para de novo, viu?
Beijo!!